Game of Thrones: Estratégias de Promoção – Pt. 1

Game of Thrones

Hoje falarei Game of Thrones (GoT), essa série de fantasia épica que, além de ser uma das minhas favoritas, possui uma das mais bacanas estratégias de promoção já existentes. Dividirei esse post em duas partes, uma expressando minhas impressões pessoais sobre os livros e outra falando da série e as estratégias de divulgação.

O fenômeno de audiência que é Game of Thrones começa em 1996, com o lançamento do primeiro livro de “As Crônicas de Gelo e Fogo” (A Song of Fire and Ice, no original), inspiração para a série. Hoje, são cinco livros assinados pelo esplêndido romancista George R. R. Martin, um dos grandes escritores da contemporaneidade. Além disso, há alguns derivados e pequenas novelas e, é claro, a série de televisão e diversos produtos vendidos ao redor do mundo, que vão de bonecos e vestimentas a games e utensílios domésticos.

Eu, como fã, não posso deixar de comentar sobre o quão fantásticos são os livros de Martin, um magnífico dramaturgo, comparável a Tolkien (meu favorito), em minha opinião. Para isso, dividi três tópicos, os quais considero os pontos-chave para o sucesso da obra. Friso, de antemão, que existem muito mais pontos positivos nas Crônicas, mas estes são os conceitos mais envolventes do enredo.

Construção de personagens

Tyrion Lannister, uma das fantásticas personagens de GoT

Tyrion Lannister, personagem mais popular da série

Apesar de serem enraizados em conceitos ficcionais, os personagens das Crônicas são extremamente humanizados. Existem sim elementos irreais, mas também há descrição de elementos psíquicos e psicológicos extremamente realistas. Isso é possível devido à estratégia escolhida pelo autor de mesclar PoV’s (pontos de vista) entre as narrativa. O que isso quer dizer? Apesar de a escrita ser na terceira pessoa, Martin utiliza recursos literários para demonstrar as sensações e pensamentos peculiares relativos a cada personagem. O resultado? O leitor consegue, perfeitamente, entender a complexidade do ser de cada um dos atores, observando com  clarividência detalhes da personalidade, objetivos, modos de pensar e agir e muito mais. Portanto, cada capítulo traz um protagonista diferente, o que faz com que seja praticamente impossível separar personagens principais e secundários. Aqueles que não são tão importantes em determinada circunstância, podem se tornar os donos da situação no capítulo seguinte. Essa é a essência de Martin.

Com isso, observa-se, também, a ausência de conceitos de bem e mal, caracterizando os personagens como “humanos” ou “meros mortais“, sujeitos a falhas e desvios de conduta, como realmente somos todos nós. Não existem heróis no Jogo dos Tronos. E o mesmo personagem por quem o leitor cultivou uma relação de antipatia, pode se tornar o mocinho da trama mais à frente, e também o contrário. E esse é apenas um dos elementos dos contos, que gosto de chamar de construção de personagens.

Construção de Mundo

Westeros e Essos: os continentes conhecidos

Westeros e Essos: os continentes conhecidos

O segundo ponto que gostaria de destacar é a construção de mundo. As Crônicas se passam em um mundo ficcional com diversos continentes e ilhas, mas tem enfoque no grande continente chamado Westeros, que, desde os primórdios, passa por uma série de confrontos políticos e civis, colonizações, invasões e trocas constantes de poder. Há variados tipos de castelos em Westeros, mudanças de paisagens desde o Norte gelado em Winterfell aos desertos de Dorne, passando pelos picos do Ninho da Água, as terras fluviais e as Ilhas de Ferro. Existem diferenças físicas, sociais e organizacionais entre as cidades, além de organizações como a Guilda dos Alquimistas, a seita dos Meistres, a Irmandade sem Estandartes.

Há  também a criação de diferentes culturas. Os homens de ferro (povo semelhante aos piratas da vida real) não enxergam glória em conquistar algo através de negociação, tudo que possuem advém da batalha e do saque. Os dothraki, bárbaros do outro continente, Essos, não se aventuram através da água salgada (mares) e não têm palavra para “desculpa” em seu dialeto. Para o povo livre, que vive “para lá da muralha”, o marido deve conquistar a esposa através da força bruta. Existem diversos modelos de pensamento, divindades, manifestações artísticas, sem definições clichês de certo e errado, assim como é o mundo real. A distinção entre povos é um dos pontos mais fascinantes das Crônicas. A tradição é algo presente na literatura de Martin, trazendo elementos do passado, de eras antigas, histórias deslumbrantes e perturbadoras, mitos, lendas, herois, vilões, religião, idiomas e muito mais.

Dimensão de Guerra

Quem irá sentar no Trono de Ferro?

Quem irá sentar no Trono de Ferro?

Isso nos traz ao terceiro ponto de destaque: a dimensão de guerra. É simplesmente lépida a maneira como as estratégias de batalha entre aqueles que participam do Jogo dos Tronos, visando ascensão ao poder. Em resumo, existem alguns candidatos ao que chamam de O Trono de Ferro, ou seja, o Rei de Westeros. Existem casas com sedes em grandes castelos que, através de alianças, intrigas, jogos de estratégia, combates, manipulações e astúcia política, lutam pelo poder. Lannister, Stark, Targaryen, Greyjoy, Arryn, Tully, Martell, Tyrell, Baratheon, Frey e mais uma infinidade de famílias representadas por personagens únicos e com diferentes interesses participam dessa disputa. A dinâmica é fantástica e pequenos detalhes fazem a diferença, com elementos de guerra trazidos da vida real para a ficção, como a utilização reféns, alianças com organizações outrora inimigas, manipulação e controle da massa, etc.

Enfim, é difícil compreender a complexidade das Crônicas de Gelo e Fogo, bastante bem representada pela série de televisão, mas sem o nível de detalhamento e profundidade existente nos livros. Fica a recomendação dessa sequência que, eu garanto, é viciante (recomendável apenas para pessoas que possuem algum tempo livre). Na próxima postagem, tratarei da questão das estratégias de promoção para a terceira temporada da série.